quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O sovina e os oportunistas


Em uma cidade pequena do interior havia uma imensa rocha, praticamente intransponível e ao redor dessa pedra existiam muitas outras, menores, médias e até bem grandes. Certa feita, um homem muito rico e sovina planejou esconder no topo dos pontiagudos rochedos toda a sua fortuna.Dessa forma, ele não teria que dividi-la com seus filhos e netos.

Então o homem começou a escalar pelos sinuosos caminhos e, com isso, acabou despertando a curiosidade de quem estava passando, algumas pessoas paravam tentando entender o que o conhecido senhor tentava fazer. A multidão só ia aumentando e com muita dificuldade o velho puxava suas sacolas de dinheiro, cheques milionários e outros títulos. No entanto, em meio a tamanha dificuldade acabou por deixar uma nota de 100 escapulir. A pequena e amassada nota foi flutuando até chegar ao chão. Toda gente da cidade se amontoou querendo saber o que era o tal papel que veio do céu.

Um ambicioso rapaz pegou o papel amassado e gritou: É uma nota de 100!

Rapidamente as pessoas do minúsculo povoado se deram conta de que o velho avarento estava levando sue dinheiro para o alto do arriscado rochedo. Ele ao perceber que uma de suas notas havia caído, também, se deu conta que o povo começou a cobiçar suas posses. Em uma atitude desesperada ele começou a empurrar as pedras que encontrava pelo caminho, buscando colocar entraves para os que vinham subindo. Devido ao desespero a maioria dos ambiciosos oportunistas acabou caindo e rolando pelas agudas rochas até a morte.

Cansado, porém vitorioso, o mesquinho senhor chegou a cume. Sorriu para os que estavam lá em baixo em tom de zombaria. Todavia, quando ele olhou para trás, se deu conta de que todo caminho estava interrompido, não havia como voltar. Vendo que seus bens estavam seguros, intocáveis, resolveu pular do ápice da montanha. Juntou-se aos demais ambiciosos

Contudo, um dos aproveitadores havia conseguido sobreviver, ele usava os corpos dos mortos para subir com mais facilidade. Assim, ele não se machucava, uma vez que aproveitava os outros caídos para chegar até o topo. Aos poucos conseguiu alcançar o dinheiro que o homem tentou incansavelmente esconder. Pegou sacos e mais sacos abriu um por um e para mostrar onde havia chegado jogou muitas notas pelos ares.

As pessoas o aplaudiam pelo extraordinário feito, ele rodopiava de felicidade, estava orgulhoso, agora ele mandaria na cidade, mataria todos os que um dia o humilharam, envergonharia até os mais abastados, seria o novo dono do mundo. Entretanto, quando o rapaz abriu mais um saco de notas chegou à beira da rocha e jogou ele, também tropeçou na última pedra que o velho sovina havia deixado. O breve sortudo caiu, e foi rolando pelas pedras. Teve o mesmo destino que o dono do enorme tesouro. Morreu.

Moral da história:

O achismo é cego e, por isso, não vê as pedras que estão pelo caminho

3 comentários:

Priscila Nemer disse...

Eu realmente estou impressionada com a qualidade de seus textos. Esse conto ficou excelente, são tantas metáforas que eu cheguei a ficar perdida nas minhas reflexões e, ainda fechou com chave de ouro colocando uma moral que faz qualquer leitor parar e falar: Nossa! Bem, pelo menos comigo foi assim. ;*

Felipe Ribeiro Sant'Anna disse...

Caramba Lara. Fico feliz ao ver o quanto você tem o dom de escrever.
Estou gostando bastante de seus posts...

Bjus

João Teixeira disse...

Muito bom! A moral ficou simplesmente sensacional


Parabéns