quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A adúltera


Em uma colina havia um fabuloso castelo e lá vivia um riquíssimo homem, Oswaldo, juntamente com sua libidinosa esposa, Amélia. O casal contava com a assistência de muitos empregados, por vezes, desnecessários, visto que os dois não possuíam filhos e a mansão encontrava-se, quase sempre, vazia.

Amélia, apesar da avançada idade, era bonita, bastante sedutora, obtinha facilmente tudo o que queria e não poupava esforços para trair seu marido. Seus planos concupiscentes eram, em geral, perfeitos e bem simples. Para evitar que o torpe cônjuge desvendasse todas suas estripulias, ela tratou de não se afastar dele, pelo menos não por muito tempo. A melhor forma de traí-lo era não deixar a casa, então arrumou um hobbie, Amélia era responsável pela contratação dos empregados que, é claro, eram todos homens.

Todos os dias a insaciável mulher tratava de inventar novas ocupações inúteis a serem preenchidas, como: carregador de uvas, limpador de sapatos, secador de talheres, amaciador de almofadas e muitas outras. Porém, ela não sabia que seus encontros secretos, em breve seriam desvendados, por um magoado servo, Edson, um jovem portador de uma beleza inigualável, que fora deixado de lado por sua patroa, que passou a dar atenção aos novos amantes e o esqueceu.

Certo dia, a mulher acordou, caminhou até a varanda e, observou seu mais novo contratado. Um rapaz belíssimo, que ela havia encontrado em uma de suas tardes de verão. Ele só deveria passear com o feroz cachorro da nobre dama. Bem disposta, já nas primeiras horas do dia, Amélia acenou, para que o garoto subisse até o aposento dela. Todavia, o jovem respondeu que não poderia fazê-lo, uma vez que não seria prudente deixar que o perigoso animal ficasse só. Mas que depressa, a ávida senhora ordenou que ele viesse rapidamente, com cachorro e tudo.

Sem pestanejar, ele subiu as escadas com o bicho à tira colo, que deixou suas pegadas de lama na tapeçaria. Entrou no quarto e a lascívia mulher teve seus sonhados momentos matinais. No entanto, para sua surpresa, de repente ela escutou fortes batidas na porta de seu quarto. Assustada levantou-se rapidamente ao ouvir os berros de seu marido. Sem outra saída, fez seu amante pular do 5° andar e ofegante abriu a porta para Oswaldo.

O homem adentrou aos aposentos juntamente com Edson, o empregado traído, e berrando exigiu explicações sobre a cena.

- O que estava acontecendo aqui?

Amélia, ainda tentando processar o grande número de acontecimentos, apenas suspirou dizendo calmamente:

-Que susto Oswaldo! O que é isso? Eu acabei de levantar, que pergunta!

Edson que queria a vingança a qualquer custo procurava desesperado o rapaz que deveria estar no local do crime. Porém não o encontrou. O marido então resolveu expor a denúncia que havia sido feita:

-Este rapaz disse que você anda me traindo Amélia e me fez entrar aqui para pega-la no flagra. Todavia, creio que minha vinda foi inútil.

A mulher, com toda sua falsidade, franziu o cenho como se não soubesse o que estava acontecendo e, em seguida, indignou-se com tamanha falta de confiança e respeito. Entretanto, para a sua decepção um latido ecoa e um enorme animal surge de trás da cama, o cachorro.

Então o vingativo subalterno percebe que aquela é a única chance que ele possui de incriminar a adultera senhora.

-Esse cachorro é o que o empregado deveria estar tomando conta. Ele veio junto com o cão para o quarto dela. Isso explica muito bem as pegadas na tapeçaria.

Oswaldo sem saber o que fazer espera uma reação de sua esposa, que sorri e trás o enorme animal para perto de si.

-Ora, pelo amor de Deus! Isso não é um cachorro é um gato, onde já se viu? Como você ousa falar assim do meu bichano. Todas as manhãns ele mesmo sobe até meu quarto para me fazer companhia. Todos sabem que meu marido trabalha muito e, por isso, sinto-me muito solitária. Acho que esse empregado precisa fazer exame de vista Oswaldo, como ele pode confundir meu gatinho com um cachorro.

Amélia ergue-se na cama, mostrando suas perfeitas curvas e seus sedosos e ondulados cabelos. Com muito charme sentou-se e cruzou as pernas esperando o decreto de seu companheiro

O ingênuo servo tenta argumentar de todas as maneiras. Diz que a mulher só pode estar ficando louca, porque um cachorro daquele tamanho nunca poderia ser um gatinho. Ela apenas balança a cabeça em tom de piedade e olha melancólica para seu marido.

Oswaldo olhou para a atraente Amélia e suspirou

-Belo gatinho, eu ainda não havia notado ele antes. Dessa vez deixarei que você tome as devidas providencias.

Edson ficou perplexo mediante a tal evento. Ficou parado enquanto o homem ia embora andando tranquilamente pelas escadas. Amélia então esbravejou:

-Saia daqui imediatamente, seu pérfido inútil!

O pobre saiu de cabeça baixa pelos enormes corredores e deu de cara com todos os demais empregados que o olhavam com desprezo. Amélia fez questão de segui-lo até as escadas. Quando ele pisou no primeiro degrau ela o empurrou sem nenhuma piedade. Edson saiu rolando degrau a baixo e chegou morto no último lance de escadas. Com um sorriso prepotente ela berrou em alto e bom som e saiu.

-Que isso sirva de lição!

Bartolomeu, o mais antigo trabalhador da casa, já conhecia os excessos da patroa e correu atrás dela para informar-se sobre o que fazer com o corpo estirado no meio da entrada

-Esquarteje-o! Assim fica mais fácil esconder.

-E onde posso jogá-lo?

-No lixo, é pra onde ele merece ir.

Bartolomeu saiu rapidamente, com medo que a raiva da mulher o contaminasse. Ele já havia presenciado essa cena anteriormente. Muitos já tentaram denunciá-la, mas seus patrões apenas viam o que lhes interessava e quando era oportuno. Nesse estagio avançado de sua idade pra quê Oswaldo iria expulsar sua belíssima cônjuge de casa. Isso apenas traria escândalos para o nome de sua família.

O velho empregado sabia muito bem de tudo isso, porém os mais novos tentavam mostrar a verdade a um cego que não queria ver e mal sabiam que: em casa de senhor, cachorro é gato e servo é lixo.

6 comentários:

Ricardo Oliveira disse...

Primeiro, eu ri muito com as suas muitas ironias e gostei bastante de como você misturou os dois assuntos. Segundo,menina você tem talento, disso não há como duvidar! Espero poder ler mais textos seus, continue!

;)

Alexandre Rocha disse...

Amélia que é mulher de verdade! Eu sabia que você provavelmente daria continuidade a nossa conversa por aqui. Confesso que não sabia que isso viraria um texto desse porte, mas...De qualquer forma, eu gostei muito, não só desse, mas dos outros também. Um dia ainda vou descobrir como você consegue transitar por temas tão variados sem perder a qualidade.

Impressiona-me cada vez mais, guria

Lara Santos disse...

Vou continuar na medida do possível, Ricardo. Porque todos já conhecem o tamanho da minha preguiça. Os textos estão sempre prontos, o problema é que eles estão sempre na minha cabeça, pra passar pro papel é um drama!

Lara Santos disse...

Não perco nada que você fala gúri! rsrs. Pode deixar que eu deixo tudo registrado aqui e se um dia você quiser seus direitos eu te dou sem problema nenhum.
Quando estou sem inspiração é só chamar você no msn, não é?

Obrigada!
;*

Alexandre Rocha disse...

Conte comigo sempre que você precisar.Não sei se vou poder ajudar você sempre na inspiração, mas...faço o que posso. Pode deixar que eu vou comparecer ao lançamento do seu "livro que ainda nem foi escrito" e que já é um verdadeiro sucesso! Tudo de bom, pode deixar que vou passar sempre por aqui.

Até gúria

Guilherme Souza disse...

Menina, por onde anda você? Nem lembro qual foi a sua última postagem. Vai postar o que agora? Artigo científico, só?



Intée