quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Valeu a pena ser uma boa esposa



Devido aos atuais acontecimentos no Haiti, os noticiários não param. Informações de salvamentos heróicos chegam a todo o momento, alguns tão inacreditáveis que parecem realmente um milagre.
 
A menina que foi salva pelos familiares, por exemplo, foi um dos momentos que mais me chocaram, um salvamento complicado e de muito risco. Imagino o desespero e a aflição, uma vez que não havia tempo para esperar uma equipe preparada para este tipo de resgate.
 
Ainda assim, outro me fez sentar no sofá e falar: Nossa! A americana Jilian,que estava debaixo dos escombros da sua casa, teve pouco tempo para pedir ajuda ao seu marido. Frank Thorp, o marido, informou que a ligação durou cerca de 10 segundos,e foi feita através do Skype, e ele nem sabia como sua esposa estava. Só mais tarde tomaria conhecimento da gravidade da catástrofe que abatera a região. Thorp estava em outra cidade, a 160 km da capital do Haiti, e ficou desesperado. Segundo relatos do mesmo, ele entrou no carro e conduziu durante seis horas até chegar a Port-au Prince.
 
Quando chegou, Frank escavou os destroços com as suas próprias mãos, durante mais de uma hora, juntamnte com os voluntários, até que viu sua mulher acenar. Jillian, um colega e o empregado da limpeza acabaram por sair com vida dos escombros. A americana e o colega estavam ilesos, mas o funcionário perdeu as duas pernas na catástrofe.
 
O primeiro comentarios que surgiu em minha casa após a noticia foi : “Ela deveria ser uma boa esposa”, “Ainda bem que eles não tinham brigado do dia”,”Verdade, ele poderia estar com o skype desligado”.
 
Não aguentei, mesmo em virtude das circunstancia, eu tive que rir. As pessoas a minha volta esqueceram-se completamente da catástrofe, e passaram a pensar na vida conjugal do jornalista Frank e da esposa dele Jullien. Então começaram a falar hipoteticamente sobre a vida dos mesmos, e criaram uma grande trama. “E se ela fosse uma esposa ruim” e “Se o casamento estivesse mal, ela estaria...”.
 
Porém felizmente, ao final eles chegaram a uma boa conclusão: Ainda bem que ela era um boa esposa. Com essa eu concordei, e ainda fiquei feliz por poder corrigi-los: Ainda bem que ela é uma boa mulher!

4 comentários:

Leonardo R. disse...

Nossa, uma das suas melhores crônicas que já li. Inscreva-a num concurso de crônicas já! (existe, só não sei se está acontecendo nessa época).
Muito original e mostrando sob uma outra perspectiva o que aconteceu lá de acordo com a cultura geral...

Igor Mendes disse...

Concordo com o comentário anterior.Também li essa reportagem em muitos sites, só que não pensei nas possibilidades da sua crônica. De fato você está cada dia mais original e o humor, que sempre foi muito bom, me surpeende a cada dia.

Lara Santos disse...

HUM! Que bom que gostaram, eu também gostei muito do texto quando teminei de escrever, mas não tanto para me inscrever em um concurso, Leo!

Que bom que meu humor não sumiu, Igor!

Markus Andrade disse...

Muito bom esse texto!O melhor que eu já li sobre o assunto, menina você conseguiu escrever algo diferente sobre um assunto bem manjado.